domingo, 28 de março de 2010

Shakespeare Park, Army Bay, Piha, KareKare.... imersões!


Saravá querid*s! Não tava querendo muito postar assuntos sobre "métodos combinados de pesquisa"... sei que vocês entenderiam, apesar de estar super empolgado com as leituras. E, seguindo orientações de meu supervisor Derek Hodson (que me disse "don't forget to be a tourist!" num inglês super claro aos meus ouvidos), ando equilibrando mais minhas imersões bibliográficas, e investindo em outras imersões. E nada melhor do que ir velejar num dia de vento sul (ou "ventsuli", em bom manezês). O lugar se chama Shakespeare Park (primeira foto).  Que praia....! Sem muvuca, cheio de grama ao redor...  à altura do poeta. E um mar perfeito pro velejo "meditativo" - ondas do tamanho certo, nem fundo nem raso, num visual indescritível. Foi desligar a cabeça e contemplar. De vez em quando arriscar umas manobras (e acordar o macaco!), mas basicamente relaxar e gozar. Foi meu melhor dia na Nova Zelândia. Perfeito. O azul do céu abrindo aos poucos, a água ficando transparente... três sessões de velejo, com intervalos de frescobol... Aliás, frescobol não tem aqui (pelo menos não vi). É que nem sunga. Pois é. Acham graça de homem com sunga. Estes dias fui comprar uma sunga e o cara riu de mim (devia ser um neozelandês meio gaúcho). Eu hein! Então imaginem um homem de sunga jogando frescobol na praia... "Estranho", no mínimo. Mas voltando ao vento... frio viu?! Como todo bom "ventsuli". E forte suficiente pra dois kite-surfistas se chocarem um contra o outro sem maiores estragos - a não ser um susto, e um corre-corre na praia (não, eu não estava no meio). E pra finalizar, um pôr-do-sol em Army Bay, que foi o Ó! Isso tudo neste último sábado. E me dei um domingo de relax e estudos leves...com passeios ao redor da cidade (incluindo uma visita ao hospital da cidade com suspeita de fratura de um dedo do pé, neste velejo). Ê macaquice!

E no final de semana passado, num post meio "ad hoc", um passeio por Piha e KareKare (respectivas fotos ao lado). Praias do oeste da ilha norte. KareKare foi um dos cenários do filme "O Piano". Águas mais revoltas, marés gordas, e areia preta. Tinha mais salva-vidas do que banhistas. Nada muito convidativo. Mas impressionante.

Isso tudo num raio de 80Km de Auckland... é mole? E hoje, segunda feira, um vento leste deve me arrastar pra Orewa. Após uma manhã que rendeu alguns parágrafos não só no blog.... E no dedo do pé, gelo!!! (aqui os técnicos de raio-X também entram em greve)

O que penso disso tudo? Métodos combinados de pesquisa....!

quarta-feira, 17 de março de 2010

"Se a tranqüilidade da água permite refletir as coisas,o que não poderá a tranqüilidade do espírito?" - Chuang Tzu

Os budistas chamam a nossa mente de "mente de macaco". Dá pra imaginar o motivo, não? Nossos pensamentos pulam de galho em galho, de forma frenética e aleatória, descontrolada. Uma macaquice... E com tantas novidades chegando aos sentidos, tantas imersões acadêmicas, a coisa fica pior ainda. Sem samba de roda, sem maracatu, sem uma boa roda de amigos pra relaxar, a cabeça fica quase que trabalhando o tempo todo.

Bom, pra aquietar o macaco, fui buscar o que fazia em Floripa com alguma frequência: meditar. Tem um centro Zen Budista aqui em Auckland (http://www.aucklandzen.org.nz) - na foto acima. Especial, como as pessoas que o frequentam. Fui muito bem recebido pela mestra (de azul, na foto), que chama-se Amala.

Uma hora e meia de meditação zen, e a gente sai renovado. Na verdade, o tempo que conseguimos ficar em silêncio interior total vem com a prática. E meditar é definitivamente um exercício. E os poucos minutos que consigo me sentir "completamente vazio" reverberam ao longo dos dias. É um tempo com qualidade incomparável ao tempo corriqueiro. Sem tic-tacs.

Bom pra alma.

_/\_

O que penso disso? Não penso.

segunda-feira, 15 de março de 2010

Um vídeo do pequeno Harrison

Aqui vai um vídeo do meu vizinho "Jontex" quando ele for mais crescidinho. E um recado pra rapaziada...



(valeu a dica Letícia!)

domingo, 14 de março de 2010

O "pequeno" Harrison

Segunda-feira começando. O cafofo onde moro é lindo. Pequeno e aconchegante, do meu jeito. Tem um parque bem verde, também  pequeno e aconchegante, do outro lado da rua, onde estudo as vezes. Os donos da casa, que moram em cima, Patrick e Amanda, são nativos daqui, e muito simpáticos. Sem precisar, deixam o jornal do dia na porta pela manhã.

Tem apenas duas coisas barulhentas que fazem parte da rotina acústica da casa, e tiram um pouco o brilho da morada. Uma delas é a geladeira, que faz um barulho sinistro de quando em quando. No meio da noite qualquer crente não ousaria abrí-la, pensando haver um portal para o inferno ali dentro. Parece a morada do diabo, não fosse apenas uma geladeira. A segunda coisa que incomoda, pela manhã, é o despertador. Chama-se Harrison. É o filho de 2 anos do casal. Super pontual: todo dia as 6 inicia seu choro gutural e intercalado por batidas frenéticas dos pés no piso da casa. O que chega aqui deve ser apenas 1/4 do que deve acontecer lá em cima (em termos sonoros), mas é suficiente pra um suspiro profundo. Dá até pena do casal... Eu o apelidei de "Jontex". Ele é definitivamente um tributo à camisinha.Quando eu olho pra ele penso em vasectomia.

A geladeira será trocada hoje, segunda-feira. Quando ao Jontex... Acho que foi por isso que, junto com a decoração da casa, colocaram este quadro do lado da minha cama.

O que eu penso disso tudo? Que as bonecas que as meninas brincam quando crianças deveriam ser mais realísticas - e não propaganda enganosa. O tal do "instinto" materno seria certamente aliviado...

Kite surf em Shoal Bay

Sábado e domingo de velejo. Ventinho frio de sul e sudeste. Bom demais! Super flat. Lembra muito a lagoa da conceição em Floripa em termos de velejo. Só que aqui rola um esquema com a maré. E maré baixa é baixo astral nesse pico, porque merece uma caminhada no meio de uma mistura de lodo com concha no fundo, com pontos onde os pés afundam até os joelhos. Um tanto quanto desagradável... Mas tirando o equipamento imundo,  e os pés cortados, tô batizado nas águas daqui! E conheci o Pedro, kitesurfer de Ilhabela (SP). Pareceria pras próximas aventuras de final de semana. E esperando a maré subir um pouco antes de entrar, uma leitura recomendadíssima de Osho: "Zen".

O que eu penso disso tudo? Quando a maré encher, quando a maré encher!

sábado, 13 de março de 2010

Um blog... why not?

Porque não né? Viajar sozinho e não ter com quem compartilhar os olhares e as impressões é meio... digamos... solitário demais...

Faz 3 semanas que cheguei em Auckland, Nova Zelândia.

Em 3 dias de minha chegada achei um cafofo gostoso em Freemans Bay, nos arredores do centro. Bem localizado, e muito verde. De lá pra cá muita coisa aconteceu, e o tempo tem passado rápido, pela intensidade dos dias. E o tempo deve mesmo passar proporcionalmente à intensidade dos nossos sentidos...

Do achado do cafofo, comecei a explorar os arredores nos finais de semana. Em termos de diversão, o centrão da cidade é uma panacéa. Tem de tudo, menos nativos (ou os mais loucos). Como vou ficar apenas 5 meses, não tô muito pra essa mistureba. Acabei ficando pela Ponsonby Road - uma avenida a uma quadra de casa e cheia de vida, de dia e de noite. Aqui é onde acho o pessoal nativo se divertindo. Foi nesta avenida que acidentalmente - e quase todas minhas descobertas aqui têm sido acidentais - encontrei um bar ótimo, chamado "One Two One" (o da foto). Abre meio-que-quando-querem, e frenquentado por gente mais velha. Dentre as atrações musicais ao vivo das mais variadas (de velhas loucas gritando no piano, a blues e jazz de primeira) tem um gato gordo e ronronante que pula no colo das pessoas e dorme. Dormiu em cima de mim. "É um batismo", disse um senhor pra mim (naquele sotaque nativo de ameaçar tudo que tu até então eu entendia como "inglês").

 Minhas saídas têm sido mais antroplógicas do que qualquer outra coisa. Quem me conhece sabe que sou um homem de poucas palavras, e muito observador.

E tenho visto cada cena....

Uma delas? De lá geralmente vou pro "The Crib", na esquina de casa. Um bar de gente jovem, bonita e muito, muito embriagada. Já chegam doidos no local pelas 11 da noite... Uma vez vi uma garota cair repetidamente no chão em meio a uma dança um-tanto-quanto-estranha (cheguei a pensar que era étnica!), e depois de acertar a guitarra com a cabeça, acabou caindo em cima de um copo que estava no chão e, com a mão sangrando, insistia em re-visitar o chão (o tal do "geotropismo positivo"). Ria que se acabava. Isso no Brasil até que seria um atrativo, mas lá ninguém reparava. "Normal". Até porque não era só ela que caía... Bandas boas tocam ali, junto do pessoal. E são muito pacientes com o público. O gerente é um curitibano, André. Gente fina. Um dos poucos sóbrios da casa. E a festa acaba cedo aqui.

Do meu jeito...

O que penso disso tudo? Se no começo tudo isso parecia estranho, descobri que o estranho sou eu.